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Gestão escolar para a igualdade: Elas nas exatas

Atualizado: 27 de ago. de 2018

Estudos apontam que 15 é a idade com a qual as meninas perdem o interesse por matemática e ciências exatas: por que esse gap existe e o que fazer para superá-lo?

Photo by Dawn Shearer-Simonetti/Shutterstock

Um estudo recente realizado pela Microsoft mostrou que a maioria das meninas com cerca de 11 anos demonstram interesse nas áreas do conhecimento de ciências, tecnologia e matemática. No entanto, esse interesse diminui repentinamente próximo aos 15 anos de idade. O estudo contou com uma base de dados de 11.500 meninas entrevistadas em 12 países da Europa.

As meninas tentam se adaptar e corresponder a expectativas sociais, estereótipos e papéis de gênero. Isso, somado à falta de visibilidade de figuras e exemplos femininos nas áreas de ciência, tecnologia e matemática as desencoraja a seguir carreiras nessas áreas.

Martin Bauer, psicológo e professor na LSE


Já em 2013, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico havia apontado, em estudo, o impacto do ambiente social na performance de meninas e jovens nas áreas exatas do conhecimento. A pesquisa indicava que os países com piores índices de igualdade de gênero eram aqueles que apresentavam os maiores vãos entre a performance de homens e mulheres na matemática. Além disso, há evidências de que professores costumam subestimar as capacidades das meninas nestas áreas, conferindo-lhes notas mais baixas do que dariam para meninos.


O que fazer dentro deste cenário?


Em meio a esse cenário, quais são as estratégias e práticas para incentivar e estimular o interesse e as capacidades das meninas nas áreas de exatas? O Departamento de Educação dos Estados Unidos produziu um guia prático com 5 recomendações de práticas testadas, com resultados comprovados (em 3 diferentes níveis: alto, moderado e baixo). Este guia é voltado principalmente para educadores(as) e profissionais que atuam diretamente com crianças e que desejam encorajar meninas nas áreas de matemática e ciências.


O guia mostrou que garotas que "possuem uma boa auto-imagem e forte confiança em relação às suas habilidades em matemática e ciências são mais propensas a escolher e ter boa performance em cursos dessas áreas do conhecimento e selecioná-las como opção no ensino superior e em suas carreiras.", eles enfatizam portanto que "desenvolver e aprimorar a confiança das meninas em relação às suas próprias habilidades é essencial, principalmente no momento de transição entre o ensino fundamental e o médio."


Photo by Dawn Shearer-Simonetti/Shutterstock


Dentre as recomendações do Guia Prático as que possuem maior nível de evidência de resultados positivos são:


1) Ensine às alunas e aos alunos que suas habilidades e capacidades acadêmicas são moldáveis, ou seja, que elas podem expandir e se aprimorar


Muitos estudantes acreditam que as pessoas nascem com certas habilidades, e que, portanto, algumas pessoas são naturalmente "inteligentes" enquanto outras são naturalmente "burras". Essa crença altera a forma como a criança vê desafios, pois ela tende a se frustrar e desistir de certos caminhos após algumas decepções. Isso porque essas crianças possuem "objetivos de performance", ou seja, procuram ser bem-sucedidas para mostrar que são inteligentes. Por outro lado, alunas e os alunos são ensinados que a inteligência é aprimorável se dedicarem esforços à ela ficam mais concentrados em "objetivos de aprendizado", e estes são mais propensos a buscar novos desafios e tarefas mais difíceis, mesmo que estas não os façam parecer tão inteligentes de início. Enquanto o primeiro grupo de alunas(os) responde às dificuldades com sensação de ansiedade e frustração, o segundo grupo está mais propenso a responder aos desafios com mais estudos e maiores esforços, pois não duvidam de suas "capacidades naturais".


Esta prática responde justamente à crença de que meninas naturalmente possuem pior desempenho na área de exatas.


2) Faça correções e comentários construtivos, informativos e mais descritivos possíveis às alunas e aos alunos


Correções de exercícios e provas descritivas, que contenham prescrições são as mais recomendadas. Isso porque elas focam em estratégia, esforço e no processo de aprendizado. Alguns exemplos: incluir pontos de avanço da aluna, elogio aos esforços, identificação de erros ou gaps na resolução de prolemas. Esse tipo de correção é importante para que os alunos compreendam onde estão errando, por que e como podem melhorar, destruindo a crença de que são naturalmente incapacitados para uma matéria. A correção descritiva e construtiva visa fortalecer o processo de aprendizado e encoraja a persistência nas alunas e alunos.


3) Crie um ambiente favorável em sala de aula que incite a curiosidade em assuntos relacionados à matemática e às ciências exatas (e mantenha o interesse aceso a longo prazo)


Despertar o interesse começa em despertar a curiosidade. Levantar a curiosidade de alunas e alunos e fornecendo oportunidades de se envolver com materiais interessantes, divertidos e educativos significa potencialmente transformar essa curiosidade inicial em interesse de longo prazo. Algumas maneiras de fazê-lo: insira problemas matemáticos, físicos e biológicos em situações não-comuns. Para crianças da escola primária o exemplo dado no guia é inserir problemas matemáticos em uma "missão para salvar o planeta de uma invasão alienígena" ou "a busca por um tesouro secreto". Conforme os anos avançam, as situações podem ser mais condizentes com a realidade, mas não menos interessantes. Um exemplo: construir uma rampa de skate efetiva com orçamento limitado. Investigações científicas e atividades práticas em sala de aula (e em campo) também são essenciais. Tais práticas são motivadoras e incentivam as alunas e alunos no processo de aprendizado.


Existe uma grande variedade de ferramentas projetadas para professoras(es) utilizarem com meninas e jovens para despertar a curiosidade inicial em ciência e matemática. Muitas dessas ferramentas incorporam os princípios que foram discutidos neste guia prático. Uma lista dessas ferramentas foi publicada em um volume intitulado "Novas ferramentas para a força de trabalho dos Estados Unidos: Garotas na Ciência e na Engenharia", que pode ser baixado aqui.


Para acessar o Guia Prático completo clique aqui.


Texto produzido por: Caroline Garrett

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