top of page
  • Foto do escritorGênero em Foco

Feminismo Asiático no Brasil

Atualizado: 6 de dez. de 2017


O que é o Feminismo Asiático e quem está pautando o movimento no Brasil?

(Leila Khaled (Palestina), Rashid Jahan (Índia), Kartini (Indonésia), Yuri Kochiyama (EUA, Japão). Ilustração: Ing Lee. 2017.)


O “feminismo universal” (que acaba por ser, muitas vezes, um feminismo branco) é incapaz de abarcar todas as mulheres em suas pautas, ficando em geral muito centrado em mulheres brancas, heterossexuais e de classe média. Daí surgiram movimentos como o feminismo negro e o transfeminismo. Desde 2015, ganha espaço no Brasil o feminismo asiático que, como o nome indica, reúne mulheres de ascendência de países asiáticos e que sofrem com estereótipos, preconceitos e fetichizações. O movimento pretende contemplar etnias de diversas regiões da Ásia, incluindo a Índia e o Oriente Médio.


O Feminismo Asiático, como o próprio nome explica, é o movimento que pauta as demandas das mulheres dos países asiáticos, com exceção daqueles na Ásia setentrional. Muitas vezes, quando se fala em feminismo asiático no Brasil, o termo é associado principalmente às mulheres do leste-asiático (Japão, Coréia e China). Por ser um continente enorme, de muita diversidade, existe uma vertente do chamado “Feminismo Marrom”, composto por mulheres de países do Oriente Médio e não islâmicas, indianas, indonésias, tailandesas, filipinas e muitos outros.



Como parte da diáspora indiana, compartilho de pautas específicas com pessoas “marrons” (sul asiático/sudeste e oriente médio), como a islamofobia, o uso do véu e a crença na passividade da mulher do oriente médio. Há uma associação com terrorismo (somos todas mulheres bomba) e radicalismo religioso. Outra fala recorrente é a visão deturpada que possuem sobre a Índia, como elixir espiritual (todo mundo faz ioga, é vegetariano e a vida é perfeita), onde as diferentes sexualidades são facilmente aceitas (o que é um engano monstruoso, já que práticas homossexuais são proibidas por lei) e que pessoas são alienadas e acreditam em “deuses com cabeça de elefante”. Há a visão errônea e preconceituosa sobre casamento arranjado e que toda mulher sofre violência doméstica. Ouvimos comentários preconceituosos diários baseados em estereótipos e estigmas sociais, como o aroma que exalamos, como nosso papel na sociedade, nos tornando cada vez mais “exóticas” e limitando nossas vidas sociais.

Juily Mailani


Os sujeitos de ascendência asiática compartilham questões parecidas, como o “pertencimento”, histórias sobre pós-guerra, patriarcalismos, entre outros assuntos. Há uma assimilação nas pautas e isso os une. Contudo é preciso ter em mente que há diferenciações e que todas são importantes. Há um discrepante número entre imigrantes do leste asiático e do sul/sudeste no Brasil, o que altera o poder interno de discussões dentro da militância asiática. Temos muito mais mulheres do leste asiático discutindo gênero, feminismo e raça do que mulheres indianas, árabes, etc. O que é compreensível graças aos diferentes fluxos migratórios que ocorreram no Brasil. O movimento ainda está no processo de encontrar essas diferentes etnias, unir e agregar conhecimento e força. As principais críticas vão no sentido da fetichização de mulheres asiáticas e preconceitos produzidos por estereótipos da mídia, que influenciam fortemente nas relações sociais destas mulheres.


Quem pauta o feminismo asiático no Brasil?


LÓTUS PWR

Com o objetivo de desconstruir estereótipos sobre a mulher de ascendência asiática no Brasil, um grupo de garotas fundou a página e coletivo Lótus PWR, em julho de 2016. Idealizado pela artista visual Caroline Ricca Lee, 26, o coletivo reúne ativistas e artistas feministas de diversas áreas, além de fomentar um núcleo de estudos com contribuições da antropologia, da história e da sociologia.



ASIÁTICOS PELA DIVERSIDADE



Apesar de não reproduzir conteúdos exclusivamente feministas, a página Asiáticos pela Diversidade apoia e divulga a causa, publicando e dando visibilidade à diversos textos e intervenções asiáticas e feministas e LGBTs. Através do humor e divulgação de notícias, o objetivo da página é aumentar a visibilidade da comunidade asiática (seja do oriente-médio, do sul asiático, do sudeste asiático ou do extremo leste) em toda a sua diversidade étnica, religiosa, linguística e sexual.



YOO BAN BOO


O Yo Ban Boo é um canal de humor do youtube, que produz diversos vídeos sobre as experiências vividas pelos asiáticos e asiáticas brasileiros. Dentre seus conteúdos, eles pautam a representatividade, as vivências de pessoas mestiças ou birraciais, como no vídeo "sobre ser asiática e negra", a problemática da "minoria modelo", e a problematização do "whitewashing".


OUTRA COLUNA


O Outra Coluna é um blog e um movimento de Resistência Asiática. Segundo as próprias palavras dos criadores, "Os mecanismos do racismo contra asiáticas/os no Brasil ainda não é bem compreendido, muito menos a formulação da ideia de solidariedade entre as minorias não-brancas, principalmente no seio das colônias asiáticas em território brasileiro." buscam, portanto, "Fazer uma reconciliação histórica com o passado de nossas famílias e colocá-la sobre uma ótica crítica (...) O nosso blog é uma das ferramentas que escolhemos para isso. A ideia é que ele sirva, não só como um canal de informação e diálogo com nossas próprias comunidades e um público mais amplo, como também para a nossa própria formação a respeito do tema."


O Outra Coluna reproduziu um dos melhores textos sobre o feminismo leste-asiático, escrito pela Caroline Ricca Lee, o "Feminismo Asiático: Identidade, Raça e Gênero".



Texto produzido por: Caroline Garret

34 visualizações0 comentário

SOBRE A REVISTA

A Revista Gênero em Foco é uma publicação

digital que reúne conteúdos sobre gênero e feminismo interseccional em diversos formatos. Textos, vídeos e músicas não autorais estão sinalizados e com os devidos créditos.

CONTATO

Quer ter seu conteúdo na nossa revista ou quer sugerir um texto, vídeo ou pauta?

 Escreve pra gente! 

revgeneroemfoco@gmail.com

bottom of page